Arqueologia e multidisciplinaridade: um breve passeio pela história epistemológica da ciência arqueológica e os desafios ainda pendentes

un breve recorrido por la historia epistemológica de la ciencia arqueológica y los desafíos aún pendientes

Resumo

A Arqueologia apresenta-se-nos hoje como uma disciplina facilmente identificável pela singularidade do seu objecto de estudo, bem como pela diversidade de critérios e procedimentos analíticos que tem vindo a desenvolver, amadurecer e reavaliar ao longo da sua história disciplinar. a ponto de ainda hoje existirem debates em torno de diferentes questões teóricas e epistemológicas. Esse longo processo também levou a Arqueologia a se ramificar em vários subcampos focados em abordar temas mais específicos e incorporar ferramentas de outras disciplinas. A Arqueometria e a Arqueologia Histórica são aqui apresentadas como dois claros expoentes desta última. Expressam também, e hoje de forma muito notória, uma realidade muito interessante da prática arqueológica: a sua natureza inter, multi e mesmo transdisciplinar. De facto, a Arqueologia conseguiu estabelecer, desde as suas primeiras fases, fortes contactos com outras disciplinas, tanto as Ciências Humanas como as Ciências Naturais, que lhe permitem tecer pontes de comunicação entre todas elas. Essa capacidade pode ser explicada pelas particularidades dos objetos que interessam à Arqueologia e pelas influências que recebeu de correntes teóricas da Filosofia das Ciências (FC) ao longo de sua história. Por esse motivo, propõe-se neste trabalho fazer um breve passeio pela história epistemológica da Arqueologia em que poderemos identificar as contribuições da FC no desenvolvimento da arqueologia como ciência, observar as origens dos estudos interdisciplinares em Arqueologia, e contemplar as vantagens e dificuldades que persistem até hoje ao realizar trabalhos conjuntos com outras disciplinas.